27/06/2016

A lei do abraço

Hoje fomos multados. E eu, enquanto o policia passava a multa, mal conseguia conter o riso. Quer pelo motivo pelo qual te abracei na via pública, quer pelo ridículo de isso ser proibido.
Porque diabo te lembraste tu de dizeres que me amas no meio da rua? Que outra reação podia eu ter senão abraçar-te, e apertar-te bem junto ao peito para ter a certeza que eras tu mesmo e não um sonho? Bem podias ter reservado essas palavras para um local mais íntimo, onde pudéssemos cometer ilegalidades sem testemunhas. Olha que com o dinheiro da multa íamos um belo fim de semana para fora.
E tu sabes bem que eu sou uma fora da lei, adoro abraçar. Não consigo conceber como é que alguém se lembrou de proibir tal coisa! Um ato que só faz bem, uma transmissão de carinho, de apoio, de amor! Como pode tal coisa ser ilegal?
Não, andarei sempre na ilegalidade. Discreta, que o dinheiro não dá para as multas, e qualquer dia acumulo e vou parar à cadeia. E como é que me vais abraçar na cadeia, com os guardas todos a ver?
Não, só nos podemos abraçar em privado. E como eu gosto de te abraçar, de rodear o teu pescoço com os meus braços e encostar o corpo todo ao teu! Que melhor forma tenho de te mostrar que também te amo, ainda que nunca o tenha dito por palavras?

Não, temos que lançar petições e fazer manifestações, que a vida sem abraços não é vida! Onde é que já se viu, uma mãe não poder abraçar os filhos, os namorados não se poderem abraçar? Vamos lutar pelo direito ao abraço, porque quero abraçar-te sempre que me apetecer, esteja onde estiver!


Nota: Este texto era suposto ter feito parte do 31º CNEC, mas devido a um ataque de trenguice (crónica, provavelmente) parece que não o enviei, pelo que não foi avaliado. Dado que foi inspirado pelo concurso, mantive a etiqueta que o classifica como tal.

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