17/08/2016

O tempo

O tempo é uma coisa curiosa. Tem uma medida exata – décadas, anos, meses, dias, horas, minutos – e, ao mesmo tempo, é inquantificável.
É inquantificável porque depende da perceção que temos dele. Sim, podemos dizer que uma hora é sempre uma hora, um dia é sempre um dia, mas é totalmente diferente a sensação de quanto dura uma hora ou um dia.
Uma hora parece um minuto quando lemos um bom livro, mas se estamos à espera de uma consulta que nos dirá se estamos gravemente doentes ou não, parece um ano. Um dia de férias é muito mais curto do que um dia de trabalho.
Enquanto somos crianças, as horas que passamos a brincar parecem minutos e nem percebemos porque está a mãe tão zangada – afinal de contas ainda agora saímos de casa! E ao mesmo tempo, a hora da aula parece não ter fim, o Natal nunca mais chega e falta uma eternidade para chegarmos aos tão desejados dezoito anos.
Depois começamos a trabalhar, a viver mais em rotinas, e enquanto pensamos que nunca mais chegam as férias, logo de seguida percebemos que o fim do ano está a chegar e que não sabemos como é que ainda ontem era janeiro e agora já é dezembro.
As décadas também nos atraiçoam. Até aos vinte os anos passam com calma. Dos vinte aos trinta já aceleram um pouco, e logo a seguir damos conta que estamos a fazer os quarenta, e rapidamente chegamos aos cinquenta e por aí adiante, e olhamos para trás e pensamos: “mas parece que foi há dias que fiz quarenta anos!”.
É esta relatividade que dá ao tempo o seu fascínio e torna algo que é medido de forma exata em algo que varia tanto. Porque a tua hora pode ser diferente da minha.

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