08/08/2016

Vida

Existo há vinte e sete anos, mas não sei se já comecei a viver.
Tantas e tantas vezes sinto que apenas existo, apenas ando neste mundo à procura do meu lugar, do meu espaço e das pessoas com quem começarei efetivamente a viver.
Por vezes, tenho lampejos de vida: quando me entusiasmo por um projeto, quando faço uma bela viagem ou quando me apaixono perdida e inevitavelmente pela pessoa errada, o que leva a que por uns tempos me sinta vivo, mas acabe por voltar à mera existência.
Tenho constantemente a sensação de me faltar uma centelha qualquer que é o que leva ao sentimento de estar vivo, algo que tenho que encontrar dentro de mim, sob pena de passar ao lado da vida e não por ela.
Sinto que tenho que encontrar essa centelha rapidamente, para não olhar para trás mais tarde e notar que a maior parte da minha vida não foi Vida.
E, no entanto, questiono-me também se não terei demasiadas ilusões sobre o que é viver. Se não estou de facto a viver, apesar de não ter encontrado ainda o grande amor da minha vida, de estar num emprego que não é aquele que sonhava, de ainda não ter conseguido fazer todas as viagens que quero.
Mas já amei e fui amado, já sofri por amor e por perdas, tenho amigos e família com quem me sinto feliz, com quem me divirto e passo bons momentos, tenho um emprego que me dá um modo de vida e oportunidade de crescer profissionalmente e ganhar experiência para outros voos, que talvez exijam mais coragem de mim, mas que estão ao meu alcance, ainda que me assustem.
Estou neste mundo há vinte e sete anos, talvez não tenha vivido a totalidade desses anos, mas já vivi muito.

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